EnjoyYourLife

segunda-feira, abril 23

Sem mensagem…

Segunda-feira. Chego ao fim do dia a casa, pouso a mala na entrada, dispo o casaco em qualquer sítio, fecho a janela do quarto, tiro o gancho novo do cabelo e ponho-o em cima da mesa-de-cabeceira, ligo a música, descalço os sapatos e vou para a banheira.
Enquanto oiço a música e tomo banho, começo a pensar nesta minha entrada em casa e de repente parece-me que há qualquer coisa estranha, alguma coisa fora do contexto, algo diferente no cenário… não dou importância… devo estar a fantasiar, sou eu que sou desarrumada e deixei algumas coisas (malas) em cantos despropositados.
Acabo a odisseia de pôr todos os cremes hidratantes e acendo a luz do quarto. Definitivamente há alguma coisa estranha! Pedrinhas e ervinhas secas no chão? Sinto o coração a bater mais rápido e começo uma busca à 007 por todo o lado, debaixo das camas, dentro das gavetas, abro todos os roupeiros, olho para dentro das banheiras, para os armários da casa-de-banho, para as varandas e nada.
Entro no quarto de novo e retomo o diálogo interior, batendo o pé no chão em sinal de pouca paciência comigo mesma … Ok, devo estar a ficar paranóica. Dou uma viravolta e o meu olhar cruza um canto do tecto.
Fico cinco minutos a olhar pasmada sem medo, mas, sem saber o que fazer. Isto não me está a acontecer, é tão absurdo, inesperado e sem sentido que acho piada, rio não sei se de alívio se do meu impasse.
Então, eu hoje deixei a janela aberta para a Primavera entrar e ela entrou.
Um pardal ou uma pardaleja, decidiu fazer o ninho no tecto do meu quarto.
Para quem não sabe eu vivo no meio da cidade num vigésimo andar, o meu quarto tem uma decoração citadina que não se assemelha em nada ao estilo campestre.
Começo por investigar de longe, de todos os ângulos e cada vez mais de perto, subo ao escadote e vejo três pardalitos pequeninos que piavam baixinho. Não me pareciam com fome nem com sede. Do pardal ou da pardaleja, nem sombra.
Uma vez, noutro andar, deixei uma janela aberta e a televisão desapareceu, agora um ninho junto ao tecto…
Não faço mais nada hoje nem me vou preocupar com isto, decidi. Abri de novo a janela, peguei no I-pood, no livro e na almofada, fechei a porta do quarto e mudei-me para o sofá. Só por hoje, pensei.
De manhã, acordei antes do despertador e curiosa abri a porta do quarto para cumprimentar estes hóspedes tão peculiares.
Abri a boca. Não, não estou a bocejar de sono, abri a boca de espanto. Não há ninho, nem pardal, nem pardaleja, nem tão-pouco pardalitos.
Franzi a testa, liguei a música e fechei a janela.
Só não sei do meu gancho cor-de-rosa cheio de missangas, mas tenho uma teoria, o pardal e a pardaleja foram ontem ao cinema e não tinham onde deixar a pequenada.

Sec. XXI Planeta Terra.

5 Comments:

  • At 11:10 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Depois da curva, junto à palmeira mais pequena, ouvi uma voz estranhamente melodiosa:

    "Parece que naquela casa não se importam que lá deixemos as crianças; já sabes: Se o Pácido Domingo cá voltar, e cantar, as crianças ficam bem entregues. Até ouviram música..."

    Não vi ninguém, mas distingui, entre os ramos, o som característico de um bater de asas, um restolhar de ave ladina.

    Estava a ouvir coisas! Os pardais chiam, soltam alguns trinados tímidos...

    Segui, para mais perto do Sol, até àquele 20.º andar onde me esperavam uns doces "especiais".

    ZP

     
  • At 10:20 da tarde, Blogger Mafalda Martins said…

    ohhhhhh k lindo!!!!
    adorei! adorei!
    (O Plácido Domingo voltou e sabendo que iriam ficar bem entregues, o Sr. Pardal e sua respectiva lá deslizaram serenamente até aquela nave que aterrou no Oriente. E assim puderam deliciar-se com o já não rouco tenor, namorando para o Tejo.
    Os pardalitos amanhã já não vão lá estar, mas o que não faltam aí são festivais! pode ser que os srs Pardais gostem de rock...)

     
  • At 12:15 da manhã, Blogger Rita said…

    mas... as crianças que me desculpem... porque (a esses) eu também voooooooo.

     
  • At 12:03 da tarde, Blogger ines said…

    Outro Maio. Outra Rita.
    Quem é que disse que um ano é muito pouco para que nos tornemos pessoas diferentes do que fomos até então? Quem é que continua a creditar que as pessoas não mudam? Quem é que consegue dizer que, "um ano depois, e estou exacamente igual? Eu respondo.
    Para mudar, não são precisos 365 dias. Às vezes, um minuto pode ser o necessário. Nem mais, nem menos segundo. A maioria das pessoas, sobretudo as que pensam ser sempre iguais, mudam nestas circuntâncias. Um minuto trágico e a vida, 25 de Abril. Amanhã não seremos os mesmos. Outras pessoas, as que não querem nunca ser iguais ao que foram, não precisam de minutos trágicos. Aqui, 25 de Abril acontece todos os dias. Todos os minutos. Minuto mágico, em vez de trágico. Hoje (ontem, 8 de Maio de 2007), um ano depois, 365 dias a seguir, 8760 horas passadas, 525600 minutos vividos, Rita não é a mesma pessoa. 31536000 segundos. É o tempo que temos de cada vez que Maio regressa (o Maio de cada um). E eu, hoje (ontem, 8 de Maio de 2007), queria dizer-te, Rita, que o teu mmundo não é só cor de rosa. É amarelo, e verde alface e (este ano), talvez roxinho ou púpura até. Quem sabe um dia, preto, e, embora, preto, seja igualmente colorido. Porque o arco-íris somos nós. Ok, o teu arco-íris é mais cor de rosa que o da maioria. Não importa. Importa que hoje és mais a pessoa que querias ser. Importa teres descoberto que sim, que mudar não só é desejável como possível. Importa saber, visceralmente, que sabemos sempre muito pouco. Mas, pouco que seja, sabemos hoje mais do que ontem. 31536000 é um número gigante. Mesmo assim, há quem precise de números maiores. Há também os infinitos. Os que, "para o ano é que é". Os que, passa a passa, segundo a segundo, querem uma coisa diferente. E então, 31536000 podem ser pouco. Mas para ti não. E é, por isso mesmo, que queria "parabenizar-te", felicitar-te, usar o meu "vale abraço" e esbanjá-lo contigo. Num longo abraço. Tenho sempre saudades tuas.
    Ainda bem que sabes usar os teus segundos, em vez de trágicos, mágicos. Segundos arco-íris. E se preto, mesmo que preto ou até cinzento, cor-de-rosa sempre.
    Parabéns Rita. Parabéns Maio, Ritas de Maio. Que para o ano, 365 dias a seguir, 8760 horas passadas, 525600 minutos vividos, Rita não seja a mesma pessoa. Um desejo final... Boas revoluções. Um desejo único. que sejas assim muio feliz...

    Beijos

     
  • At 11:03 da tarde, Blogger Rita said…

    O Vale-abraço, é um trunfo que guardamos sempre na carteira, segundo instruções de Inês olho azul brilhante e sorriso provocante... a dizer anda lá, abráça-me, abracemo-nos, abraça-a. A brigada do abraço, adorou o pretexto para mais uma vez abraçar os mais tímidos, ou os menos sensíveis, ou os que acham que isto de abraçar a torto e a direito são coisas de mulheres ou lamechices . Abraço-te com a magia de Maio, com a magia da prima-vera, com a magia do cor-de-rosa, com a magia de um vale-mais-um-ano-de-abraços, de segredos e de travessuras.
    Beijos querida Inês

     

Enviar um comentário

<< Home