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sábado, novembro 18


DANÇA CONTIGO

- Ó mariana porque é que dizes isso?
Eu apetecia-me era contar um conto, acrescentar um ponto.
Ponto e virgula, ponto de cruz, pontos pontos pontos, pontos com flores e essas cores.
Porque é que puseste esta música?
Gosto mais daquela. Essa sim, que quando fecho os olhos, aaaaaai. Imagino que sou leve, não tenho peso, estou naquele campo de flores, flores que nunca tinha imaginado, com cores novas, suaves mas eléctricas que me despertam o olfacto para estes cheiros todos… naquele campo iluminado por uma luz branca que realça todas as outras cores, o verde da relva por exemplo.
Aaaai e então danço, danço contigo, fecho os olhos e só me imagino assim a balouçar por aqui e por ali, a voar.
Bem melhor do que aquela, que punhas antes para nós ouvirmos.
Aquela de batidas fortes que acompanha o ritmo dos corações frenéticos, de rotinas devoradoras de tempo, sem tempo para escutar-te, para beijar-te, para ler nos teus olhos todos estes sentimentos que agora inundam o meu coração.
No outro dia, nos anos da Sofia, já era tarde, conversávamos alto por causa do barulho que a música fazia. Dançávamos, tu, eu e os outros. Reparaste? De inicio cada um no seu estilo, no seu ritmo, mas passado alguns minutos começámos a espelhar-nos, com a mesma cadência de gestos. Passado uns momentos já parecia que nos conhecíamos de antes e não de agora.
Que estranho! Não achaste?

Será que nos entendemos melhor quando respiramos à mesma velocidade?
Será que não importa tanto a mensagem, mas mais a harmonia do corpo, para nos sentirmos mais próximos?

- E tu Mariana, danças muitas vezes contigo?
- Sim, muitas. De manhã, ouço umas músicas que acordam o meu eu sorridente, ouço-as a sorrir e até a rir desalmadamente, enquanto tomo café, enquanto me visto e respiro.
Depois desço as escadas a imaginar que sou uma princesa, com aqueles vestidos com véus e laços, com as minhas malinhas todas. Dou pulinhos de contente.

Quando entro no carro… depende. Mas… por vezes ouço aquelas lounge ou as de sons de terra verde. Que ao ouvi-las parece que danço pelo meio das árvores e dos pássaros, em vez de passar pelos semáforos e pelos outros carros a apitar e a escutar aqueles berros histéricos de segunda-feira de manhã.
E assim chego no mesmo instante que os outros, mas com uns gestos brilhantes em vez de cinzentos.
Uumm e aqueles sons do xilofone que me fazem regressar ao jardim-de-infância? Imagino-me com aquela saia de lã e aqueles sapatos de verniz com um laço e fico mais criativa.
Consigo até desenhar-te a lápis de cera ou em plasticina.

- Que giro, nunca tinha pensado assim. Mas faz sentido sim. Nós encontrarmos aqueles sons que nos fazem vibrar ou conectar com aquilo que queremos ser.
- Sabes, é que a música tem este efeito em mim.

- E tu que música ouves? E danças? Danças no teu ritmo? Rompes o padrão da rotina em formato de fruta cristalizada em vez de fresca? Quebras a rigidez do teu corpo junto com a do pensamento?

Acordaste alguma vez o teu eu adormecido? E com que música?
Com que movimento?
E já reparaste nos movimentos das pessoas que estão ao teu lado?
Como é que elas dançam?